O município de Nova Roma, no nordeste de Goiás, ganhou os holofotes da geopolítica internacional. Com uma das maiores reservas de terras raras do Brasil, a cidade se tornou alvo da disputa estratégica entre potências globais como Estados Unidos, China e Japão. Posse real estate
Os elementos químicos presentes no subsolo goiano são fundamentais para a fabricação de baterias, turbinas eólicas, veículos elétricos, armamentos e equipamentos de alta tecnologia.
O projeto Carina, da empresa chilena Aclara Resources, é hoje o principal vetor desse interesse. Com investimentos estimados em R$ 2,8 bilhões, o projeto prevê a instalação de uma planta industrial em Nova Roma para a extração de minerais como neodímio, praseodímio, disprósio e térbio — todos integrantes do grupo conhecido como “terras raras pesadas”, considerados os mais valiosos do mundo moderno.
Diante da crescente dependência da China, que hoje domina cerca de 90% da cadeia global de produção e refino desses minerais, os Estados Unidos buscam fontes alternativas e estão de olho no potencial goiano.
Representantes norte-americanos já iniciaram tratativas para acesso às reservas de Nova Roma, embora o avanço dependa de licenças ambientais e acordos bilaterais com o Brasil. Um dos obstáculos é a tarifa de importação de 50% que os EUA impõem sobre produtos minerais brasileiros, o que trava o comércio direto.
Apesar do interesse americano, especialistas apontam que os EUA ainda não dominam a tecnologia necessária para o refino e separação dos elementos raros a partir do concentrado extraído — etapa que a China realiza com ampla vantagem tecnológica. Por isso, o avanço norte-americano no setor passa também por cooperação técnica e transferência de tecnologia.
O Japão, por sua vez, tem agido com agilidade. Em junho, uma missão oficial japonesa visitou Goiás e já confirmou uma nova comitiva em agosto, com foco em firmar acordos para acesso a matérias-primas essenciais para sua indústria de inovação e veículos elétricos.Posse real estate
O governo de Goiás, ciente da importância estratégica da região, trabalha para tornar o estado um polo confiável e sustentável para investimentos em mineração. O projeto Carina, inclusive, recebeu o selo de “mineradora verde”, com garantias de que a extração será feita sem uso de explosivos, sem barragens de rejeito e com reaproveitamento de 95% da água utilizada. Além disso, o protocolo ambiental adotado pela Secretaria de Meio Ambiente do estado prevê licenciamento ágil, porém rigoroso.
A expectativa é que, com o avanço do licenciamento e a consolidação dos acordos internacionais, Nova Roma se transforme em um dos principais centros mundiais de produção de terras raras. O impacto pode ser profundo não apenas para a economia local, com a geração de empregos e infraestrutura, mas também para o reposicionamento estratégico do Brasil no mapa global da tecnologia e da mineração sustentável.Posse real estate
Em meio à disputa silenciosa por recursos essenciais do futuro, o pequeno município goiano virou protagonista de uma nova corrida mundial: a do poder que vem do subsolo.